SÃO JOSÉ DO CALÇADO SE DESPEDE DA MAESTRA DO ARTEZANATO ALCY MELLO, VÍTIMA DE INFARTO


O corpo da Acadêmica/professora aposentada Alcy Mello da Silva, de 88 anos, uma das mais talentosas artesãs do município de São José do Calçado, na Região do Caparaó Capixaba, ocupante da Cadeira 19, patronímica de Sebastião de Souza Mello, da Academia Calçadense de Letras foi sepultado em São José do Calçado, na última segunda-feira (19/12), às 14h. 

Conforme familiares, a octogenária, por volta das 17h30, do sábado passado (19), sofreu um infarto em sua residência, vindo a falecer às 5h25 da manhã, da segunda-feira passada (21), no Hospital Estadual São José do Calçado. Ainda informou que ultimamente a idosa tinha um pouco de dificuldade para andar na rua, no entanto, por causa da idade, só andava acompanhada. 

O corpo foi velado das 9h às 14h, na Capela Mortuária Elpidio Diogo, no Bairro Honorelino Gomes de Oliveira, em São José do Calçado. Como tem ocorrido com demais velórios e sepultamentos pelo Brasil, devido a pandemia do novo coronavírus, a despedida da professora aposentada foi aberta ao público com uso obrigatório de máscaras evitando aglomerações. Às 14h foi sepultada no cemitério local. 

HOMENAGEM 

O empresário Gil Ribeiro disse que com a morte da professora aposentada e artesã, a cultura calçadense ficava mais pobre. Que Dona Alcy era muito popular pelo seu carisma. 

“É uma notícia muito triste. Conhecia a Dona Alcy desde quando eu era criança. Uma pessoa generosa, culta e boa-praça. Estava sempre alegre. Calçado fica mais triste com essa perda. Sem dúvidas, nunca será esquecida pelo seu legado deixado no artesanato, escola e Academia Calçadense de Letras”, disse Ribeiro. 

Legado 

Natural de São José do Calçado (ES) nasceu em uma sexta-feira de 18 de novembro de 1932. Tinha 13 irmãos, destes, 6 estão vivos. Deixa 3 filhos, 5 netos e 4 bisnetos. 

Casada com o saudoso José Pimentel da Silva (*25/07/1928, em uma quarta-feira, São José do Calçado (ES) -+10/04/1992, em uma sexta-feira, Hospital São José do Avaí, em Itaperuna (RJ), Alcy Mello da Silva, lecionou no Primário (assim era chamado na época). 

Ela participou de alguns eventos da Academia Calçadense de Letras e Feiras de Artesanatos. Ocupante da Cadeira 19, patronímica de Sebastião de Souza Mello, da Academia Calçadense de Letras foi ex-Diretora Secretária Adjunta da referida academia. 

A artesã, desde os 12, fazia tricô, unindo fios e agulhas. Em 13 de maio de 2018, em uma noite de sábado, disse ao Blog Last-minute News que nos dias de hoje dificilmente se via jovens querendo a aprender o oficio (tricô). Que não usava óculos de grau para fazer suas peças de artesanatos. 

- Desde os ‘12’ que faço tricô. Não uso óculos de grau. Faço peças infantis. É um trabalho manual, onde a alma do negócio é ter muito empenho e concentração. Assim como eu, muitas meninas aprenderam aos 11, 12 ou até com menos idade. Não tenho alunos jovens, já são casados e têm filhos. Tenho que fazer uma remessa de roupas para um bebê que ainda virá ao mundo, filho de um casal residente na Alemanha. O preço só fecho após pesquisar uma infinidade de lãs especiais, agulhas ou fios 100% naturais. Faço casaquinhos, sapatilhas, gorrinhos, toucas, chalés e mantas, entre outras peças de tricô. Um par de sapatinhos fica pronto com um dia, já cheguei até fazer três, mas a idade chegou (rs). Fico triste pela geração mais jovem não ter o desejo e paciência para aprender a arte do tricô, que mantém corpo e mente ocupada -, enfatizou Mello em 2018. 

Além de tricotar, fazia brolha (um tipo de bordado em que o tecido é desfiado e trançado com as mãos, sem o uso de agulhas), crochê/crochê (do francês crochet, uma espécie de artesanato feito com uma agulha especial, dotada de um gancho), crochê de grampo (tem um ponto diferente, uma técnica que facilita o desenvolvimento dos pontos, com rapidez e precisão, elaborada com uma agulha de crochê bem diferente, que tem a altura de 40 cm e hastes que sustentam os pontos) e marca. 

Fonte: Blog Last Minute News / Sérgio Oliveira 


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